quarta-feira, 22 de janeiro de 2014

BELÉM, MOTEIRO DOS JERÔNIMOS, PASTÉIS DE BELÉM - 22 de janeiro de 2014


Após um dia de chuva incessante que incomodou até aos lisboetas, hoje o dia amanheceu sem uma única nuvem no céu. Assim, decidi ir até Belém, que havia sido planejado para ontem, mas desisti devido à chuva que me deixou todo molhado.
Participei da missa das 9h00 na Igreja de São Domingos e em seguida fui tomar o Elétrico 15 para Belém. No caminho, descendo pela rua dos Douradores em direção à Praça do Comércio, já que a rua da Prata está hoje em obras e o elétrico não saiu da Praça da Figueira, que é seu ponto de partida, mas excepcionalmente do Campo das Cebolas, na esquina da rua da Vitória deparei-me com umas inscrições na calçada. Parei e li:
"Serei sempre da rua dos Douradores como a humanidade inteira - Livro do Desassossego -  Bernardo Soares"
Era um trecho do livro de um dos heterônimos de Fernando Pessoa, que citava nominalmente aquela rua, gravada ali no chão da calçada. É o Fernando Pessoa me alcançando onde quer que eu vá. E pelo que tenho percebido, sempre que procuro algo de Pessoa, encontro juntamente algo de Deus.







Olhando para o largo em que essa gravação estava, na rua da Vitória, deparei-me com uma igreja que ainda não tinha me chamado a atenção. Descendo pela porta aberta, um panô com o Cálice aparentava uma cortina. Lembrei-me de que havia uma igreja em Lisboa de Adoração ao Santíssimo e resolvi entrar. Era a belíssima Igreja de São Nicolau, onde há Adoração Perpétua. Fiz uma oração diante do Santíssimo, visitei a igreja e resolvi voltar depois de Belém para rezar o Terço diante do Santíssimo, o que de fato aconteceu. O ambiente convida ao silêncio e à adoração.
A igreja é tão linda, com tantas imagens comovedoras e belas, mas constrangeu-me em tirar fotos em ambiente tão sagrado. Voltei à tarde para orar e adorar, mas não tive coragem de tirar mais fotos, embora quisesse partilhar com os leitores deste blog tudo de belo que eu estava vendo. 



imagem bela e dramática da Paixão do Senhor, do lado esquerdo de quem entra na igreja
expressão que comove
capela batismal


a fachada da Igreja de São Nicolau

indicação antiga do nome da atual rua da Prata

Devido às obras na rua da Prata, o Elétrico 15 estava demorando e, para não perder tempo, resolvi ir de taxi. O taxi em Lisboa tem um preço bastante justo e seu valor não é proibitivo. Se eu comparasse duas passagens diretamente no elétrico ou no ônibus, sairia o mesmo preço do taxi. Compradas as passagens no guichê do metrô ou no auto-atendimento, o preço cai praticamente pela metade.
Desci à porta do Mosteiro e, mesmo já o tendo visto antes, em outras viagens, fiquei paralisado ante sua beleza e imponência.
Por mais palavras que se use, por melhor que seja a câmera fotográfica, por melhor que seja o fotógrafo, nada vai conseguir expressar o que é este monumento cristão, que ultrapassa os limites da religião é é visitado e admirado por pessoas de todas as culturas e credos que vêm a Lisboa. 
Fernando Pessoa, no seu guia Lisboa: o que o turista deve ver, fala longamente sobre o Mosteiro dos Jerônimos: "... uma obra-prima de pedra que todos os turistas visitam e nunca conseguem esquecer. É, de facto, o mais notável monumento que a capital possui. A sua construção foi ordenada pleo Rei D. Manuel I em 1502 e o risco é de Boitaca, também autor de outras notáveis obras do género em Portugal."
"A porta lateral é de uma riqueza arquitectónica que encanta e delicia toda a gente. É um espantoso exemplar de cantaria, cheio de nichos, de estátuas, de relevos, armas e emblemas, sendo os dois exemplos mais marcantes a estátua do Infante D. Henrique, o Navegador, e, no topo, a imagem de Nossa Senhora de Belém, com uma janela gradeada em fundo. O efeito desta porta monumental, como conjunto, é de rara harmonia, profunda e suavemente religiosa, e isso leva-nos a pensar nas admiráveis mãos que a moldaram e executaram. Nesse tempo trabalhavam em Portugal os maiores mestres canteiros, tanto nacionais como estrangeiros, que deixaram traços do seu trabalho em obras-primas como os Jerónimos."
Lisboa em Pessoa: "Fernando Pessoa falou e disse: 'Uma visita aos Jerónimos tem necessariamente de ser demorada, para ser uma verdadeira visita'. Só do lado de fora são mais de 300 metros cujos detalhes nos ajudam a entender boa parte da história de Portugal, uma das razões de ter sido declarado Patrimônio da Humanidade pela Unesco, em 1984."
"Sua construção foi ordenada pelo Rei D. Manuel, em 1501, justamente como símbolo da riqueza e das proezas da era dos descobrimentos, tendo sido erguido no mesmo local onde, em 1459, o Infante Dom Henrique, o Navegante, construiu a Capela de Nossa Senhora de Belém. O mosteiro foi concluído quase um século depois, e mesmo o dinheiro gasto teve origem no comércio de especiarias iniciado por Vasco da Gama. É a obra máxima do estilo manuelino, não sendo a toa que Pessoa dedica vários parágrafos a detalhar tal edifício."
"A Porta Sul é a mais notável, embora não seja a principal. Ela exibe colunas em relevo com dezenas de estátuas, entre elas três esculpidas a mando do rei: a do Infante Dom Henrique, a de Nossa Senhora de Belém (ao centro) e o Arcanjo São Miguel, protetor de Portugal (acima)".














































































































































































































































































































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