ESTRELA E CASA DE FERNANDO PESSOA - 15 de janeiro de 2014

Comecei o meu dia participando da missa na Igreja de São Domingos. Em seguida, fui até uma livraria na Praça do Rossio comprar 2 livros para presentear a sra. Maria Leira, que ontem atendeu-me tão bem na Fundação José Saramago. Em nossa conversa, eu havia citado os dois livros - "Lisboa - o que o turista deve ver", de Fernando Pessoa, e "Lisboa em Pessoa - guia turístico e literário da capital portuguesa", de João Correia Filho. Escrevi-lhe um bilhete de agradecimento pelo dia anterior e deixei o presente na portaria. O projeto do dia: visitar a Casa de Fernando Pessoa, uma instituição que funciona na última residência do poeta e que procura manter e divulgar sua memória. 

pombos se alimentando em frente à Igreja de São Domingos

este "artista" de rua, ao contrário de muitos que tocam os mais variados instrumentos, não toca nada; ele ganha os seus trocados com seus cachorrinhos, dando-lhes comida e permitindo que as pessoas também alimentem os bichinhos. Faz algumas gracinhas com ele, como por exemplo, jogar a embalagem do alimento longe e um dos cãezinhos vai buscá-la. 

vendedora de flores na rua Augusta

A melhor maneira de se conhecer uma cidade é andando, e isso eu faço sempre. Evito o uso do transporte público, a não ser que seja imprescindível. Quando caminhamos em direção a algum lugar, fazemos opções por determinada rua. Isso pode nos apresentar surpresas ou deixar de vermos coisas maravilhosas. Hoje, ao caminhar para a Fundação José Saramago, para entregar o presente à Maria Leiria, fiz um percurso diferente do que já havia feito e... deparei-me com uma peça arquitetônica única e linda: o portal em estilo manuelino de Nossa Senhora da Conceição Velha, a única parte que restou da Igreja Nossa Senhora da Misericórdia, destruída pelo terremoto de 1755. A igreja foi novamente construída, é linda, mas este portal é de deixar qualquer cristão encantado... e quem não é também.
Um folheto que recebi na igreja fornece alguns dados interessantes sobre ela:
"A Igreja de Nossa Senhora da Conceição Velha situa-se no coração de Lisboa, na rua da Alfândega, a nascente da da Praça do Comércio. Aqui se encontrava a antiga igreja de Nossa Senhora da Misericórdia de Lisboa, mandada construir pelo rei D, Manuel I, em 1510, para ser a sede da Santa Casa de Misericórdia de Lisboa. Concluída em 1534, no reinado de D. João III, esta igreja foi a primeira casa própria da Irmandade da Misericórdia de Lisboa, durante mais de dois séculos.
Com traço do arquiteto João de Castilho, era o segundo maior templo da Lisboa manuelina, depois do Mosteiro dos Jerônimos.
A 1 de novembro de 1755,  crônica do edifício fica tragicamente marcada pelo Grande Terremoto, que destruiu parcialmente a sua estrutura. A Irmandade da Misericórdia foi instalada mais tarde ha igreja de São Roque.
Sobre o que restou da Igreja da Misericórdia nasce a atual Igreja da Conceição Velha. Do edifício original, conseguem salvar-se o baixo-relevo de Nossa Senhora da Misericórdia; a Capela do Espírito Santo ou do Santíssimo Sacramento; e o portal manuelino, com a Virgem da Misericórdia de manto aberto, segurado por dois anjos, a abrigar D. Manuel I, D. Leonor e o Papa Leão X, testemunho de história partilhada da Igreja com a Misericórdia de Lisboa.
A Igreja da Conceição Velha é Monumento Nacional desde 1910, constituindo um bem patrimonial de excepcional importância histórico-artística, para a Santa Casa, para Lisboa e para o País".

Nossa Senhora protegendo com seu manto algumas figuras históricas de Portugal

belíssima e realística imagem de Santa Filomena morta

Santa Luzia

Para ir ao bairro de Estrela, pela primeira vez, nesta viagem, usei o transporte público: o Elétrico 25, que parte do Campo das Cebolas, em frente à Fundação José Saramago. Estes elétricos - ou bondes, como nós chamávamos quando havia no Brasil - são um patrimônio usado no cotidiano dos lisboetas, mas que atrai muito os turistas. O percurso é sempre interessante e passa por áreas históricas, como o Chiado. 

Desci em frente à Basílica da Estrela, exatamente ao meio-dia, quando estava iniciando a missa. Participei desta também. Depois fotografei (sem poder, até que um sacristão que conheço de outra data, que tem pose de dono da igreja, pediu-me para não fotografar) um pouco desse belo templo. 

Foi a primeira igreja no mundo dedicada ao Sagrado Coração de Jesus.

Foi mandando construir pela rainha D. Maria I, dita A Louca, filha do rei D. José I, e terminada em 1790.

D. Maria I, que faleceu no Rio de Janeiro em 1816, é a única monarca portuguesa da dinastia de Bragança (exceção feita a D. Pedro IV de Portugal e I do Brasil, cujo corpo está no Museu do Ipiranga em São Paulo) que não se encontra no Panteão dos Braganças, na Igreja de São Vicente de Fora, mas sim na Basílica da Estrela que ela mesma mandou erguer.

Este belo edifício chamou-me a atenção primeiramente pela sua aparência e em segundo lugar pela lápide colocada em sua fachada que diz ter sido ali que na madrugada de 4 de outubro de 1910 foi disparada a primeira granada para implantação da República em Portugal.

outro belo edifício entre Estrela e Campo de Ourique

Lisboa em Pessoa: "Quem chega à Casa Fernando Pessoa, morada do escritor durante seus últimos 15 anos de vida, pode estranhar a modernidade de suas instalações interiores, que em nada lembram as antigas casas do início do século XX. É preciso subir um lance de escadas até o primeiro andar para conhecer o quarto onde o poeta viveu e escreveu parte de sua obra - entre os móveis dessa época está a cômoda sobre a qual concluiu três de seus mais importantes poemas: "O guardador de rebanhos", de Alberto Caieiro; "A chuva oblíqua", assinado com seu nome; e "Ode triunfal", de Álvaro de Campos."

"Entre seus utensílios, encontram-se os óculos redondinhos, bem finos, quase indissociáveis de sua imagem, e a máquina de escrever que pertenceu a um dos escritórios em que trabalhou . Em suas horas vagas, usou essa máquina para escrever grande parte dos poemas do heterônimo Álvaro de Campos".