domingo, 19 de janeiro de 2014

NOS PASSOS DE PESSOA II E BAIRRO DE ANJOS


Comecei o meu dia na Igreja de São Luís, dos Franceses, próxima ao hotel no qual estou hospedado e que só abre aos domingos para a missa das 11h00.
Quando estava chegando à escadaria que dá acesso à igreja, vi uma jovem freira negra e a cumprimentei e me apesentei. Seu nome é Irmã Gilberta, é do Senegal e está estudando aqui em Lisboa. Disse-me que a igreja é bem frequentada por senegaleses que aqui moram, o que de fato acontece. Também é frequentada por franceses e toda a liturgia é em francês. Mesmo não entendendo o francês, como a liturgia é universal, consegui participar satisfatoriamente e cantar junto com o povo.
Um senhor português que animou o canto, ao final da missa me mostrou a igreja em detalhes, sendo que assim que entrei, um rapaz, Laurent, que tocou violino durante a missa, entregou-me um papel com um pouco da história da igreja. Ao final da missa, veio perguntar-me se eu gostara da sua igreja, que por sinal é linda.
Cumprimentei rapidamente o padre celebrante, talvez do Senegal, e conversei com um outro, visitante, mexicano, que está indo em missão para Moçambique e está em Lisboa aprendendo a Língua Portuguesa.
A igreja está repleta de pinturas belíssimas e também muitos túmulos no chão e nas paredes.

 os músicos: violino, flauta transversal e órgão - lindo!




 Santa Joana D'Arc, santa francesa













- esta cruz é belíssima, toda em prata, com detalhes em prata dourada
- chama a atenção que Cristo na Cruz está sem a coroa de espinhos
- na base da Cruz está São Luís, rei de França, com sua coroa real depositada sobre uma almofada aos seus pés, recebendo a coroa de espinhos das mãos de um anjo
- isso é significativo, pois este rei adquiriu a suposta relíquia da Coroa de Espinhos de Jesus e construiu uma belíssima capela para expô-la em Paris, a Saint Chapelle
- morreu durante uma das Cruzadas









 Santo Ivo, um santo bretão (francês)


 altar oval em mármore

 túmulos no chão
 a igreja por fora


Passando pela Praça da Figueira, a caminho do roteiro com endereços por onde passou Fernando Pessoa, deparei-me na esquina da rua do Amparo, que liga a Praça da Figueira com a Praça do Rossio, com um alto-relevo interessante onde aparecem duas mãos unidas. Sobre este alto-relevo eu já havia lido algo no livro Lisboa Insólita e Secreta: "A poucos metros da Praça do Rossio e da Figueira, entre ambas, na esquina da Rua do amparo, vê-se um medalhão mostrando duas mãos unidas, cumprimentando-se. (...) Este alto-relevo poderá ser concepção do arquicteto Carlos Mardel, que elaborou o Rossio, tornando-o o polo central da vida da cidade, transferindo-se a feira rural que aí se fazia para a vizinha Praça da Figueira, onde foi instalado o Mercado Central ainda em 1755, após nivelados os terrenos onde estavam as ruínas do Hospital de Todos os Santos, que ardeu em 1750 e foi depois arrasado pelo terramoto. esse mercado central, hoje instalado em espaço fechado concebido no estilo "arte nova", teve vários nomes até ao definitivo - Horta do Hospital - como Praça das Ervas ou Praça Nova. Em 1849 foi fechado com uma cerca gradeada que tinha oito portas e já era coberta. A praça tornou-se desde logo um dos emblemas da Lisboa Pombalina, pela construção notável e pelo seu caráter de verdadeiro centro de abastecimento da Baixa."
"A Praça da Figueira juntamente com as do Rossio e do Comercio, vieram a ser os três polos principais da concentração e animação da cidade, ficando o espaço político ou ministerial na Praça do Comércio, representando o centro da vida política do país, enquanto o espaço comercial ou urbano se centralizou em redor do Rossio, representado nas suas inúmeras lojas e escritórios. Finalmente, a vida rural transpõe-se para o mercado central da Figueira".
"Posto assim, as duas mãos cumprimentando-se fraternalmente unindo as duas praças da Baixa, vêm a expressar o símbolo da união do campo com a cidade". 
o medalhão
o medalhão e a Praça do Rossio ao fundo
o medalhão e a Praça da Figueira ao fundo

Praça da Figueira com Castelo de São Jorge acima e ao fundo
rua da Prata, 267
rua da Prata, 267
rua da Prata, 267
entre 1913 e 1915, Fernando Pessoa foi correspondente estrangeiro no escritório Lavado, Pinto e Cia. Ltda, no primeiro piso à direita
rua da Assunção, 42
rua da Assunção, 42
rua da Assunção, 42
No 2.º andar do número 42, era a sede da firma Félix, Valladas & Freitas, Ld.ª, onde o poeta e Ophélia Queiroz se conheceram, em 1919. O namoro foi breve. Durou de 01/03 a 30/11 de 1920, foi reatado  em 11/09/1929 e terminou em 11/01/1930

rua da Assunção, 58
rua da Assunção, 58
- No 2.º andar do n.º 58 existiu a sede da editora Olisipo, dirigida por Fernando Pessoa e seu primo Mário Nogueira de Freitas, entre 1920 e 1923, e onde publicou os seus English Poems I e II e English Poems III
- hoje em dia não existe mais a porta com este número


rua Augusta, 228
rua Augusta, 228
 Entre 1934 e 1935, FP trabalhou nesta morada, na Casa Serras (E. Dias Serras, Lda., Importação – Representações)


a rua Augusta com o Arco da Praça do Comércio ao fundo

É muito comum nas ruas de Lisboa ver-se pessoas ganhando algum dinheiro fazendo algum tipo de apresentação para os pedestres. Há muitos anos atrás, creio que em 2002, vi em um programa de viagem na tv por assinatura um menino que tocava acordeão em uma rua de Lisboa, tendo consigo um cãozinho que, enquanto o menino tocava, ficava à sua frente. O cãozinho começava a uivar e só parava quando alguém colocava dinheiro na caixinha à sua frente; feito isso, ele parava de chorar. E uivava novamente até que alguém lhe desse dinheiro. Encantava todo mundo. Quando estive de passagem por Lisboa em 2003 cheguei a ver esse menino e o seu cãozinho. Em 2012 encontrei esse rapazinho que aparece na foto abaixo com o cãozinho na mesma raça do outro, porém esse não uiva, apenas fica com uma cestinha no boca, com olhar triste, enquanto o rapaz toca. Assim como em 2012, perguntei a ele sobre o outro menino e o seu cãozinho e ele deu a mesma resposta: era meu primo. O cãozinho daquela época, pelo tempo, já deve ter morrido. Este não tem o mesmo encanto do outro, mas mesmo assim chama a atenção de quem ali passa. 



o Arco no início da Rua Augusta
uma fachada interessante próxima à Praça do Município
não é uma igreja, mas a fachada do Banco de Portugal, hoje museu do banco



A Praça do Município é chamada por Pessoa no seu guia sobre Lisboa de Praça do Concelho e fala sobre seus prédios e o pelourinho ali existente: "... a Câmara Municipal, um dos mais belos edifícios da cidade. É notável não só pelo seu exterior como também pelo seu interior e deve-se ao arquitecto Domingos Parente, sendo visível a colaboração de famosos artistas, na cantaria, nas pinturas, etc."
"No meio do largo poderemos ver o Pelourinho, muito bem conhecido no estrangeiro; é uma obra-prima do século XVIII, com a forma de uma espiral, feita de um único bloco de pedra."   
Lisboa em Pessoa: "Em 1996, após um incêndio que destruiu parte do seu acervo, a Câmara foi reconstruída por uma grande equipe de arquitetos , engenheiros e artistas portugueses, que incorporaram inovações, porém mantendo o valor histórico da construção."
a Praça do Município
a Praça do Município com o Pelourinho
a Praça do Município com a Câmara Municipal
o Pelourinho
a Praça do Município




arco sobre a rua de São Paulo
Praça de São Paulo

Praça e Igreja de São Paulo, próximo ao Cais Sodré



o ascensor da Bica, que ontem avistei da rua de cima


rua de São paulo, 117 
Neste edifício funcionavam os escritórios da firma Toscano & Cruz, Lda., onde FP foi correspondente a partir de 1920.




detalhe das luminárias na Praça do Município
primeira sede do Jornal do Comércio, na rua de São Julião





Rua dos Fanqueiros, n.º 44-1.º 
Aqui, nos escritórios da firma Palhares, Almeida & Silva, Lda. FP escreveu alguns excertos do 
Livro do Desassossego.



rua de São Julião, 41, 3. andar
Fernando Pessoa criou aqui, em 1917, a firma F.A.Pessoa que durou menos de um ano




rua Áurea, 87, 2.º
Aí existiu, entre 1917 e 1918, a firma de “comissões e consignações” de Fernando Pessoa, Geraldo Coelho e Augusto Ferreira Gomes





rua da Fé, 33
nesta casa nasceu Rafael Bordalo Pinheiro
versátil artista português e um dos maiores ceramistas de Portugal







O jardim do Torel está situado junto ao Campo dos Mártires da Pátria, na encosta virada para a Avenida da Liberdade, no denominado sítio do Torel, espaço ocupado por um conjunto de palacetes construído ao gosto revivalista do século XIX.
O nome tem a sua origem numa família, provavelmente holandesa, que habitou o local.
Em 1886, Manuel de Castro Guimarães mandou edificar um palacete com um jardim na encosta, com projeto de José Luís Monteiro.
O palacete foi vendido ao Estado em 1927 para alojar a Polícia de Investigação Criminal, tendo o jardim sido cedido à Câmara Municipal de Lisboa a troco da construção de uma extensão do palacete para utilização por aquela polícia.
O jardim é, mercê da localização no topo da colina de Santana, um miradouro com vistas para a Baixa, o Rio Tejo e a Sétima Colina.
palacete





Entrada do Jardim de Torel
Jardim de Torel


Jardim de Torel
Jardim de Torel
vista a partir do Jardim de Torel


Jardim de Torel


vista do Tejo e do Elevador de Santa Justa à direita e o Arco da rua Augusta à esquerda, 
a partir do Jardim de Torel

vista de prédios da Avenida da Liberdade a partir do Jardim do Torel
Jardim de Torel





Jardim de Torel


Jardim de Torel



José Tomás de Sousa Martins (Alhandra, 7 de março de 1843 — Alhandra, 18 de agosto de 1897) foi um médico e professor catedrático da Escola Médico-Cirúrgica de Lisboa, situada no Campo dos Mártires da Pátria, antecessora da Faculdade de Medicina de Lisboa. Formado em Farmácia e Medicina, trabalhou intensa e, na maioria dos casos, gratuitamente, sobretudo no combate à tuberculose. Orador brilhante, dotado de humor e inteligência, homem de atividade inesgotável e praticante incansável da caridade junto aos mais desfavorecidos, exerceu uma forte influência sobre os colegas de profissão, os alunos e os pacientes que tratou. Esta influência metamorfoseou-se e perpetuou-se no tempo, tendo a figura de Sousa Martins assumido contornos de santo laico, num culto atual, bem visível na imensa quantidade de ex-votos colocados em torno da sua estátua no Campo dos Mártires da Pátria, em frente ao prédio da Faculdade de Medicina, em Lisboa, e no cemitério de Alhandra, onde está sepultado.
                                         
ex-votos na base da estátua do Dr.Sousa Martins, santo não canonizado pela Igreja, mas pelo povo
ex-votos na base da estátua do Dr.Sousa Martins
Estátua do Dr. Sousa Martins tendo a Faculdade de Medicina de Lisboa ao fundo





Em 1879, o antigo Campo de Santana passou a designar-se Campo dos Mártires da Pátria em memória do enforcamento no local, no dia 18 de outubro de 1817, dos 11 companheiros de Gomes Freire de Andrade suspeitos de conspiração contra o general Beresford, presidente da Junta Governativa.
Campo dos Mártires da Pátria









rua Capitão Renato Baptista, 3, térreo à esquerda
Fernando Pessoa viveu aqui em 1919





edifício todo azulejado na rua Nova do Desterro







edificio na avenida Almirante Reis

Na Igreja Nossa Senhora dos Anjos, situada à avenida Almirante Reis, na Freguesia dos Anjos, em Lisboa, foi celebrada missa de corpo presente da vidente de Fátima, Jacinta Marto, falecida no Hospital de Dona Estefânia.
Igreja de Nossa Senhora dos Anjos















Paço da Rainha

Observatório em frente ao Paço da Rainha






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