quinta-feira, 9 de janeiro de 2014

PRAÇA DO COMÉRCIO

Após o percurso da manhã pela rua das Portas de Santo Antão, iniciei o itinerário 1 proposto pelo livro "Lisboa em Pessoa - guia turístico e literário da capital portuguesa", de João Correia Filho, livro este decisivo para decidir-me a voltar a Lisboa. 
Após caminhar por um trecho da avenida da Liberdade, onde fui visitar duas lojas - uma de produtos dos museus portugueses e outro de artigos ligados à Inglaterra, dirigi-me à Praça do Comércio para almoçar no Café Martinho da Arcada, famoso por ter Fernando Pessoa entre os seus frequentadores.
A caminho, já na Praça, deparei-me com 2 jovens músicos tocando na esquina da rua Augusta, atraindo a atenção de várias pessoas. E tocavam realmente bem.


Em seguida, fui almoçar no Martinho da Arcada, onde fui recebido pelo sr. Antonio, que depois soube ser o proprietário.
Enquanto eu aguardava o meu almoço, sugerido por ele, contou-me que morara no Brasil por muitos anos, a partir de 1964, quando saíra de Portugal para não prestar serviço militar, pois naquela época Portugal mandava milhares de jovens para as colônias portuguesas de África para manter o seu domínio. Voltou a Portugal após muitos anos, com um filho - que hoje é seu sócio - e no ventre de sua esposa a filha que hoje é advogada. Contou-me muito da história de sua família.

Após o almoço, o sr. Antonio voltou a conversar comigo, agora um pouco sobre Fernando Pessoa, uma vez que eu estava observando as muitas fotos e reproduções de documentos espalhadas pelo restaurante. Ele inclusive foi que me fotografou sentado à mesa de Fernando Pessoa, uma mesa especial sobre a qual se mantém uma xícara e um açucareiro, ao lado de livros de Fernando Pessoa, na mesma posição em que estão em uma foto do poeta fixada na parede.

 Já à porta do restaurante, o sr. Antonio continuou a conversar, falando de tantas pessoas importantes do Brasil que por ali passaram e passam, assim como de tantos outros brasileiros anônimos. Afirmou que a sua clientela brasileira é formada por pessoas cultas e com bom poder aquisitivo. 
Um dado interessante que o sr. Antonio me passou, quando eu falei a respeito do trânsito em Lisboa, que mesmo nos horários de maior fluxo, de manhã ou ao final da tarde, é que nunca vi congestionamento, como acontece em São Paulo, no Rio de Janeiro e em qualquer outra grande cidade brasileira. Então ele me disse que Lisboa está diminuindo em termos de população. Várias empresas deixaram a cidade e, com isso, também a população migrou. Afirmou que hoje há cerca de cem mil imóveis à venda em Lisboa.


No guia que me acompanha - Lisboa em Pessoa, lê-se: "Sob os grandes pórticos (arcadas) do Terreiro do Paço está o Café Martinho da Arcada, fundado em 1782, ostentando o título de café mais antigo de Lisboa. Mas não és esse o principal motivo da grande peregrinação de turistas ao seu ambiente cheio de aroma e história. O Café da Arcada, como era conhecido na época, atrai apaixonados pela obra e pela vida de Fernando Pessoa, seu frequentador mais ilustre. Ele costumava fazer ali as refeições e passar longas horas lendo e escrevendo, debruçado sobre uma de suas antiquíssimas mesas de tampo de pedra. Era como se fosse seu escritório pessoal. Tinha inclusive uma mesa cativa que está lá até hoje, com alguns objetos usados por ele: uma xícara, um açucareiro e alguns livros. Na parede, para provar a veracidade de tal cenário, há uma foto do escritor ao lado do jornalista Costa Brochado, na mesma mesa e com os mesmos objetos."
"Nas paredes do Martinho há também cartazes que nos fazem perceber que Pessoa tinha o hábito de escrever em pedaços de papel que encontrava, de vários formatos e com diferentes finalidades. Um deles, exposto ali em tamanho ampliado, foi escrito em papel ofício do próprio café. Trata-se de um poema que traz no rodapé a frase 'Sucursal Café Restaurante Martinho da Arcada - 1926'. É assinado pelo poeta que, em seu guia, não citou o local. Talvez nem imaginasse que seu 'escritório pessoal' viria a ser uma das grandes atrações turísticas da cidade. 

azulejo no café ao lado do restaurante, retratando Fernando Pessoa 

Dali me dirigi para a Praça do Comércio, seguindo o itinerário do livro.
Segundo João Correia Filho, "a Praça do Comércio tambén é conhecida como Terreiro do Paço", por ser ali que ficava o Paço Real destruído pelo terremoto de 1755, e é"um dos locais mais emblemáticos da reconstrução da cidade feita pelo Marquês de Pombal (1699-1782). No passado, foi considerada a mais bela porta de entrada de Lisboa, por onde aportaram e desfilaram reis, rainhas e embaixadores de várias nacionalidades. Ainda mantém sua beleza e sua imponência. De um lado, duas colunas e uma escadaria marcam a desembocadura do Tejo. Do lado oposto, há o grande Arco do Triunfo, que dá acesso à Baixa Pombalina e à rua Augusta. As laterais são compostas por grande edifícios com pórticos que, como faz questão de frisar Fernando Pessoa. abrigavam alguns dos mais importantes serviços públicos da cidade, como o Correio, a Alfândega, a Procuradoria-Geral da República e o Serviço de Imigração. O Correio permanece ali. Há também uma Oficina de Turismo (Welcome Center) e, ao lado, a Galeria Páteo da Galé, que além de exposições, abriga também a Videoteca Municipal de Lisboa."
"Em Lisboa: o que o turista deve ver, Pessoa faz uma minuciosa descrição dessa praça, incluindo detalhes da feitura da estátua equestre, em bronze, do rei Dom José I, 'fundida em Portugal, de uma só peça, em 1774', como ele mesmo ressalta".
"No decorrer de sua história, o Terreiro do Paço foi cenário de fatos marcantes na vida política e social do país, como o assassinato do Rei Carlos I e de seu filho, Luís Felipe, ambos baleados quando passavam pelo local em uma carruagem. Na década de 1970, teve importância para o levante das Forças Armadas que derrubou o governo de Marcelo Caetano, sucessor de Salazar, culminando com o fim da ditadura."







Em um livro que adquiri aqui em Lisboa - Lisboa Insólita e Secreta, de Vitor Manuel Adrião, autor de quem já li outra obra, Paris Insólita e Secreta - li algo interessante sobre o Cais das Colunas, que fica na Praça do Comércio: "A designação de Cais das Colunas deve-se à existência de dois pilares erguidos nos extremos e que são parte integrante do projeto da Praça do Comércio, da autoria do arquiteto Eugênio dos Santos, para a reconstrução da cidade após o terramoto de 1755".
"O Cais das Colunas abre-se para o rio Tejo e para a sua barra atlântica estando, muito além, outros continentes, povos e culturas. É, consequentemente, a porta de entrada do Mundo em Lisboa". 
"Não existem documentos escritos relativos ao ano da construção do Cais das Colunas, sabendo-se apenas que foi concluído nos finais do século XVIII, aparecendo já numa gravura colorida de Noel and Wells, A view of the Praça do Comercio at Lisbon, datada de 1792. As colunas caíram em finais do século XIX e foram repostas apenas em 1929. Desmontado no início de 1997 devido às obras do metropolitano entre o Chiado e Santa Apolónia, o Cais das Colunas regressou ao seu lugar no Terreiro do Paço ou Praça do Comércio em 25 de agosto de 2008". 



sentado à beira do Cais das Colunas







Algo que não está no guia "Lisboa em Pessoa" e, naturalmente, muito menos no escrito pelo poeta é uma atração inaugurada em 2012, depois que aqui estive em maio: o "Memorial da Cidade - Lisboa Story Center, localizado em um dos edifícios da Praça do Comércio, à esquerda de quem olha o Tejo, tendo por endereço a rua do Arsenal, número 15.
Trata-se de uma fantástica e emocionante mostra multimídia que conta a história de Lisboa, desde a sua origem mitológica com Ulisses, principal personagem da Odisséia, que aqui teria passado. Imagens, mapas, esculturas, filmes, aromas e muito mais ajudam o visitante a experienciar a história da cidade. Um audio-fone vai contando a história de Lisboa à medida que se avança pelos vários espaços. A parte mais importante e mais emocionante - e também uma das mais significativa na história da cidade é a animação do terremoto do dia 01 de novembro de 1755. 
















 

Adquiri um ingresso conjunto ao visitar o Lisboa Story Centre, com direito a subir ao alto do Arco do Triunfo. Várias vezes estive em Lisboa admirando este Arco e não sabia que poderia visitá-lo. É com certeza uma vista privilegiada não apenas da Praça do Comércio, mas de todo o centro histórico. 



 a máquina do relógio do Arco




 a rua Augusta vista do alto do Arco
 ao fundo, o elevador de Santa Justa
 o Castelo de São Jorge vist do alto do Arco
 o sino do relógio do Arco


 a Sé vista do alto do Arco
 bela vista da Praça do Comércio















um elétrico ao anoitecer

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